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09 agosto 2009

Meu cotidiano...,

Vivendo em pânico

Acordo antes do raiar do sol, saio de casa para mais um dia de batalha, mais um dia de trabalho.
A caminho do ponto de ônibus, estou na rua indo em pânico. Olho sempre ligado, desconfiada de qualquer um, desconhecido que se aproxime ou esteja ao meu lado. Tento adivinhar o que a outra pessoa é; Trabalhador ou ladrão? Um sequestrador, estrupador!
Na dúvida acelero os passos, como sou uma pobre assalariada não frequento academia, nesse ritmo já faço, ginastica, transpirando e tropeçando nas calçadas.
Como não sou político, essa não é a minha vocação de profissão o "grande valor" de dinheiro (salário mínimo), que recebo como prestação de serviço ao grande empresário (patrão), sou obrigada a dá um jeitinho (economia) para garantir a minha sobrevivência.
Mas fica uma pergunta; Será que garanto realmente a minha sobrevivência fazendo essa economia, ou estou ariscando a minha própria vida?

Na mente a lembrança daquela pobre coitada, minha conterrânea aqui de Salvador. Uma simples empregada doméstica, que saiu para mais um dia de luta, fazendo a sua economia com o dinheiro de pagar o transporte para chegar ao emprego. E acabou não chegando ao seu destino. Foi vítima de um crime bárbaro, sendo cruelmente violentada e assassinada. Após três dias seu corpo foi encontrado. Mas sua história não serviu para a mídia, não esteve nos noticiários de jornais da cidade, tão pouco a nível nacional. A polícia não deu importância na resolução do caso, em descobrir quem foram os culpados. Pois era uma, ninguém, empregada doméstica baiana soteropolitana, não uma médica vinda de São Paulo. Realmente, dois crimes hediondos, com circunstâncias diferentes, ocorridos em poucos dias de diferença.

Ouço barulho, me apavoro! Penso! Pode ser um artista na esquina, um acidente de carro. Mas uma vítima, será assalto?
Na dúvida, entro na padaria, decido esperar. A mente no mesmo instante a imaginar...
Aqui também corro risco! Se entra de repente um marginal!
Graças a Deus, chegou a notícia. Foi um bate boca na praça entre duas peruas. E a correria foi a população indo em direção às artistas no intuito de ver o grande espetáculo, se esquecendo de cuidar da própria vida.

Sigo meu caminho, no percurso mais uma vez, o pânico me domina. Pego a condução. E ao entrar, fico sem saber, qual lugar vago me sentar. Começa o pesadelo! Tenho medo! De ocorrer um assalto. Que a tragédia do 174 se repita...
Exemplo que menciono porque esteve nas manchetes dos grandes jornais.

Chego ao meu emprego bastante aliviada, feliz, por ter chegado bem.
No decorrer do dia, a mudança de humor. As últimas, noticias nos jornais me entristecem. Grande supermercado sofre um assalto e os funcionários são mantidos como reféns.
Penso e digo a mim mesma; Essa tragédia poderia ter sido comigo, aqui no meu local de trabalho.
As horas passam, o fim do expediente se aproxima, muito ansiosa em chegar ao recanto do meu lar.
Novamente, tornarei a ficar em pânico, chegou o momento de ir para casa. No trajeto, as mesmas angústias, o medo da violência me domina.

Como todo povo que é honesto, trabalhador assalariado brasileiro, depois do dia de sufoco, chego em casa. Na minha residência, janelas e portas fechadas, presa feito bandido, por trás das grades enjaulada, na rotina de viver em cárcere privada.
Será que estou em meu lar, totalmente segura?
Logo obtenho essa resposta.
Começa o terror (bang bang) a guerra entre quadrilhas de traficantes pelo ponto de boca de fumo no bairro. No mesmo momento dos estouros dos tiros, um estrondo estranho, vidros se quebrando. A notícia, minha vizinha morre, sendo vítima de bala perdida, estando dentro da sua própria casa.



Fabiana Cruz compositora e poetisa Salvador-Ba.



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